Com meta de ter 20% de sua receita vindo do B2B até 2020, fabricante pontua importância de evangelizar PMEs sobre as oportunidades com soluções de MDM e gerenciamento móvel de Byod
por MDM Solutions
Há cerca de um ano e meio, a Samsung fincou os pés no mercado corporativo, com a criação de uma unidade de B2B para América Latina. Para gerir a estratégia local, convidou o brasileiro Marcelo Zuccas – funcionário de carreira da IBM, contabilizando 26 anos na gigante de TI – e vislumbrou que 20% de seu faturamento viria da venda para empresas até 2020.
Mobilidade representa metade dessa estratégia no mercado brasileiro, conforme informou Fernando Barcelos Sentomo, diretor comercial na Samsung da área de B2B, ao blog da MDM Solutions. Mas desafios ainda rondam essa tendência: médias e pequenas empresas desconhecem as oportunidades geradas por ferramentas de Mobile Device Management (MDM, ou gestão de dispositivos móveis), e as iniciativas hoje adotada nas empresas ainda são muito operacionais e pouco estratégicas. “Várias organizações têm visão restritiva sobre o tema. Uma das recomendações que fazemos aos parceiros é: prospectem oportunidade de negócios com mobilidade em outras áreas dentro de uma organização”, alerta.
Acompanhe os principais trechos da entrevista na sequência.
1. Mobilidade, ao lado de cloud, big data e analytics, é a bola da vez já há algum tempo. A IDC estima que mais de 5 milhões de dispositivos pessoais serão trazidos para dentro das empresas brasileiras neste ano (Byod). Queria uma visão sua de como está o uso de MDM no Brasil. Ele acompanha esse forte ritmo da consumerização?
Fernando Sentomo – Começa a acompanhar cada vez mais, mas a penetração ainda é tímida. Empresas ainda têm nível de desconhecimento bastante grande sobre MDM, apenas as grandes já entenderam essa necessidade. Percebemos que, em virtude disso, o mercado brasileiro ainda está um pouco atrasado em relação ao resto do mundo. Temos feito um trabalho de aculturamento. Quando mostramos os benefícios da ferramenta de MDM e o Knox, da Saumsung, a reação por parte dos potenciais clientes é sempre muito positiva.
2. O trabalho, então, é evangelizar as médias e pequenas empresas?
Fernando Sentomo – Sim. As empresas de porte médio colocam uma base cada vez maior de dispositivos móveis, equipando a força de vendas, a equipe administrativa e outros grupos de colaboradores, com smartphones e tablets. De repente, elas veem que há uma massa enorme de dados circulando e que isso gera uma forte exposição de segurança
3. O estudo “Antes da TI, a Estratégia”, realizada pela IT Mídia com CIOs das 500 maiores empresas do Brasil no início de 2014, mostra que TI lidera adoção das novas tecnologias em 46% dos casos nas empresas. Porém, somente 21% veem necessidade de investigar melhor as oportunidades em mobilidade. Dá para dizer que mobilidade ainda é vista de forma operacional nas empresas? Como mudar isso?
Fernando Sentomo – Consultorias, como a IDC, já mostram que as oportunidades em mobilidade, realmente, não têm de ser prospectadas somente em TI. Várias organizações têm visão restritiva sobre o tema. Uma das recomendações que fazemos aos parceiros é: prospectem oportunidade de negócios com mobilidade em outras áreas dentro de uma organização. Hoje, por exemplo, temos aplicativos horizontais e o Knox, com todas suas configurações (conteinerização, MDM, etc), que formam a nossa base. Mas há soluções para verticais específicas em uma quantidade tão grande que a perspectiva de utilização por outras áreas de empresa é enorme. O CIO olha para a TI de uma forma geral. Mas a visão específica, para atender a determinada necessidade, pode partir de áreas de negócios.
“Empresas de porte médio colocam uma base cada vez maior de dispositivos móveis, equipando a força de vendas, a equipe administrativa e outros grupos de colaboradores com smartphones e tablets. De repente, elas veem que há uma massa enorme de dados circulando e que isso gera uma forte exposição de segurança”
4. Pelo que é possível acompanhar, o mercado de apps corporativos ainda dá os primeiros passos. O que mais se vê são adaptações de suítes para o universo mobile, em vez do desenvolvimento de um ecossistema nativo que enderece necessidades específicas. É isso mesmo? Como você avalia isso?
Fernando Sentomo – É comum, pela característica de uso, que em um primeiro momento de estratégia móvel se faça uma integração com o ambiente fixo, liberando acesso a e-mail corporativo, intranet, internet, alguns módulos de ERP, CRM, etc. Como o funcionário está em movimento, se deslocando, ele passa a estar conectado dentro do ambiente da organização e tem um ganho de produtividade. Passada essa primeira fase, começam a vir ferramentas de uso mais específicos, que demandam um forte movimento de desenvolvimento. Na Samsung, temos dois centros de desenvolvimento, em Campinas e em Manaus, com mais de 400 engenheiros trabalhando na criação de aplicações móveis. O grande desafio, como fabricante, é ter soluções bacanas de mobilidade para integrar aos dispositivos e chegar aos clientes.
5. O mercado de TI B2B olha cada vez mais para mobilidade como um negócio. Vemos consolidações importantes, como AirWatch e VMware, a parceria entre Microsoft e Nokia, e a mais recente de todas, envolvendo Apple e IBM. A própria Samsung criou a área de B2B para América Latina dela, com forte foco em mobilidade, há pouco mais de um ano. O que está acontecendo?
Fernando Sentomo – Vejo cada vez coisas mais interessantes e relevantes para atender ao mercado corporativo, porque o setor de B2C continuará forte por mais dois, três anos, e depois vai avançar com menos força.
6. E quais os setores que mais devem demandar mobilidade no B2B?
Fernando Sentomo – As verticais prioritárias no Brasil envolvem educação, financeiro, saúde e indústria automobilística. Isso não significa que não estejamos olhado para outras coisas – todos os dias aparecem iniciativas bacanas. Mas essas são as verticais que já estão mais aquecidas.
“Companhias brasileiras ainda têm nível de desconhecimento bastante grande sobre MDM, apenas as grandes já entenderam essa necessidade”
7. Falando de Samsung, quando Marcelo Zuccas assumiu, a meta era fazer com que o corporativo representasse 23% do faturamento da fabricante até 2020. Como está a busca para atender esse desafio no Brasil?
Fernando Sentomo – Pela realidade da Samsung, mobilidade é algo muito forte. Se pegarmos dentro dessa perspectiva de futuro, praticamente metade dessa meta deve vir de mobilidade, quando falamos de Brasil. Fala-se muito sobre o Android ser inseguro, então trouxemos o Knox e o Safe [Samsung for Enterprise] para acabar com essa questão. Além de proteger o dispositivo e o software, temos soluções para nichos específicos, trabalhamos num conceito de venda de soluções. De forma geral, o celular saiu da orelha e foi para a frente do rosto do usuário. O desktop está praticamente extinto, o notebook virou um computador fixo e os tablets se tornaram ferramentas de reunião. Isso muda o perfil de uso e mexe com a forma que pensamos as soluções. O mercado inteiro deve se preparar.
Para entender a solução
Em 2012, o mercado de mobilidade vivia um cenário contraditório: enquanto 75% dos smartphones vendidos ao redor do mundo eram equipados com o sistema operacional Android, menos de 10% dos dispositivos usados em ambiente corporativo tinham o sistema do Google pré-instalado. O principal motivador desta discrepância era o temor dos chefes de TI quanto à segurança da plataforma open source.
Para ganhar tração em sua ferrenha disputa com a Apple pela preferência do mercado corporativo, a Samsung, fabricante campeã nas vendas da plataforma, apresentou o Knox, solução de segurança para dispositivos da marca, em fevereiro de 2013. Diferentemente de um antivírus, ela fornece um compartimento separado, totalmente integrado ao Android, onde é possível gerenciar, manter e proteger todos os dados e funções corporativas. Dessa forma, dados referentes ao trabalho e também ao lazer podem conviver juntos com total privacidade e segurança.
Como consequência deste sucesso, agora em 2014, foi a vez de lançar ao mercado a nova versão do sistema de segurança, o Knox 2.0, ou Knox Workspace.
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Imagem: Divulgação