A inteligência artificial, a humana e a era pós-app na mobilidade corporativa

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Gartner prevê maior uso de softwares de inteligência artificial para facilitar interação com aplicativos mas, no Brasil, ainda há muito trabalho prévio a ser feito

O Gartner fez, recentemente, uma previsão interessante: em quatro anos, 40% das interações com dispositivos móveis serão feitas a partir de softwares de inteligência artificial: a chamada era pós-app. A visão faz sentido – apesar de algumas particularidades do mercado brasileiro impossibilitarem o movimento de forma ampla – especialmente porque o segmento corporativo ainda não achou o equilíbrio entre a complexidade e simplicidade das aplicações.

É comum ver empresas apostando em 15 ou 20 softwares móveis diferentes. A área comercial, por exemplo, pode ter um app que efetiva a venda, outro que apresenta as tendências do pipeline, outro para consultar o histórico do cliente e um quarto para a emissão da nota fiscal e sincronização com ERP. O mesmo ocorre em Recursos Humanos, no qual um aplicativo é voltado à comunicação com os funcionários, outro à consulta de holerite e um terceiro à avaliação por desempenho. Em muitos casos, é preciso inserir os mesmos dados em diferentes interfaces, gerando retrabalho e causando redução de produtividade – exatamente o efeito contrário ao esperado por uma estratégia móvel. Do lado da comunicação dentro da empresa, a diversidade de aplicativos pode gerar excesso de tráfego de informação entre os servidores, elevando de maneira exponencial e desnecessária o dimensionamento da infraestrutura.

Por outro lado, criar um aplicativo mais completo e complexo tende a gerar pouco ou nenhum engajamento. O elevado número de telas de navegação costuma comprometer a experiência do usuário e impedir a adoção, principalmente, daqueles menos acostumados com a tecnologia. Quando isso ocorre, perde-se investimento não só de dinheiro, mas de tempo, e gera-se uma ideia totalmente equivocada de que mobilidade tem um efeito negativo.

O estudo do Gartner cita assistentes pessoais, como a Siri, da Apple; o Google Now e a Cortana como a resolução do problema, uma vez que sejam moldados para absorver toda a potencial complexidade das tarefas. Mas, no Brasil, ainda precisamos vencer as barreiras de conectividade. Não dá para pensar em projetos de escala nacional que dependam de banda suficiente para segurar a demanda de um assistente pessoal nos moldes como conhecemos hoje. Há lugares que o 3G sequer chegou e a conexão, quando existe, é muito ruim.

Enquanto esse futuro mais simples e fluído não chega, precisamos nos focar em melhorar o presente. E isso requer não só planejamento para a criação e manutenção de um ambiente móvel, mas visão estratégica da companhia. Quando se pensa a mobilidade como um conceito intrínseco ao negócio e não somente como a digitalização de um processo, os problemas descritos acima tendem a ser menos recorrentes. Porque, de uma coisa eu tenho certeza: aplicativos móveis, quando integrados a uma visão estratégica, não são vilões. Muito pelo contrário. Se não temos uma inteligência artificial para nos ajudar a resolver as questões enfrentadas no processo, devemos contar, exclusivamente por enquanto, com a humana.

*Vinícius Boemeke é diretor de marketing e tecnologia da MDM Solutions

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