Mobilidade e Nuvem: uma combinação que revoluciona a Saúde no mundo

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On junho 3, 2013, Posted by , In Geral, With No Comments

Publicada em 18 de fevereiro de 2013 (informationweek.itweb.com.br)

Mark Blatt: “A nuvem reduz o preço da computação, tornando-a mais conveniente. Ela não aumenta os gastos. Cuidados médicos móveis mudam onde e quando você pode ser atendido”

O clínico geral e diretor global de vendas da área médica da Intel, Mark Blatt, mostrou ao Saúde Web como a combinação entre mobilidade e computação em nuvem está remodelando a forma de assistência ao paciente e reduzindo custos do sistema em diversos países

Saúde Web: Qual é o momento do Brasil em relação à Tecnologia da Informação em Saúde?

Mark Blatt: Uma das coisas que observamos sobre o Brasil é que vocês estão chegando ao momento certo de expandir a forma como pretendem arquitetar a entrega de sistemas de saúde e o uso de TI como vantagem na oferta de melhores serviços. Este é o momento certo para começar a tomar decisões sobre como usar a mobilidade e a nuvem na saúde.

O Brasil está saindo de sistemas baseados em pessoas e pensando sobre como usar TI. E há, de fato, diversas experiências pelo mundo para explicar as melhores maneiras de fazer isso. Algumas das melhores experiências vêm de lugares como Escandinávia, Inglaterra e China. Gostaria de poder dizer que muitas coisas boas vêm dos EUA, mas apenas alguns softwares, pois o sistema de saúde americano ainda sofre muita resistência dos médicos em relação à adoção da TI.

Saúde Web: Como a mobilidade e a nuvem podem trabalhar juntas?

Blatt: Os históricos médicos são armazenados em uma central. E, como médico, quando eu preciso deles, eles são disponibilizados para mim. Duas ou três camadas de segurança são necessárias antes de acessar o histórico. Uma vez que essas informações estão disponíveis para mim em um dispositivo tablet, eu posso ver os dados, fazer uma chamada por vídeo com o paciente ao mesmo tempo, sem precisar sequer estar no meu consultório. Eu poderia estar viajando de férias, estar no hospital, num intervalo entre pacientes; poderia também utilizar um dispositivo móvel com câmera. A ideia é que o histórico existe na nuvem e com autenticação pocket e segurança, eu posso acessa-lo via tablet. E podem ser diferentes dispositivos tablets, um smartphone por exemplo, apesar de ser pouco mais difícil, pois a tela é menor. Além disso, poderia utilizar um sistema de monitoramento. Se você está em casa, posso te monitorar, posso usar sialometria e dados simultaneamente com o histórico. É possível usar também pacotes de imagens digitais que existem na nuvem, que eu abro no navegador. E assim vou passando de uma coisa para outra. E, em vez de apenas falar com você, eu posso iniciar uma sessão Skype e ter todas essas janelas abertas ao mesmo tempo.

Seria ótimo se todos esses sistemas fossem um só, mas podemos começar com sistemas separados. EMR baseado em web, pacotes baseados em web e sialometria, que é a mesma do hospital, mas feita em casa. Soube de algumas empresas brasileiras que estão fazendo sialômetros digitais para uso doméstico. Então, entre tudo isso que eu tenho na palma da minha e a chamada por Skype, eu acabei de realizar uma consulta remota, usando dados seguros em nuvem, por meio de um dispositivo móvel, e você não precisou sair de onde estava.

Saúde Web: E como os médicos aceitam essas novas tecnologias? É mais prático ou eles pressionam contra?

Blatt: É uma mudança no trabalho deles. Usar dados digitais em um dispositivo móvel e interagir com o paciente por chamada de vídeo? Não, eu fiz faculdade para ser importante, para correr pelo pronto socorro, tocar nas pessoas, ouvir o coração batendo. É um trabalho diferente. Não é a tecnologia que é difícil. A tecnologia existe e isso é real. Eu não estou inventando nada. Mas, fazer com o que o médico mude sua forma de atuação, fazer com que ele pense em seu trabalho de forma diferente, é o verdadeiro desafio.

Saúde Web: Existem algumas instituições de saúde aqui no Brasil que usam computação em nuvem. Mas é mais comum para manter dados de tarefas administrativas do que para manter dados clínicos. O mesmo acontece nos EUA?

Blatt: São necessárias algumas precauções. As informações na nuvem devem ser completamente criptografadas. Isso pode reduzir a velocidade da transmissão dos dados e isso pode ser um incômodo. Então é preciso usar uma tecnologia que permita a criptografia dos dados sem a redução na velocidade de transmissão desses dados. Você precisa ter a segurança apropriada para acessar os dados. Uma das coisas que eu posso fazer com o tablet é exigir um PIN e uma senha de acesso e, além disso, preciso usar meu distintivo, que vai me reconhecer como Mark Blatt.

A segunda coisa é evitar vírus que podem estar no sistema. Malwares que podem afetar os dados. Cada vez que eu faço isso, fica um pouco mais incômodo do que se eu apenas ligasse o dispositivo e os dados estivessem ali, disponíveis. Mas precisamos dessa segurança. A primeira coisa é a criptografia dos dados, a segunda é a autenticação do usuário para que os dados acessados estejam seguros. Podemos dizer que estão seguros se seguirmos os protocolos certos.
O acesso por celular pode ser um pouco mais difícil porque o celular não pode ser criptografado. O tablet de consumidor pode.

Saúde Web: E o provedor de serviço de nuvem oferece criptografia?

Blatt: É uma pergunta importante. Alguns provedores de nuvem dizem que isso é obrigação do consumidor. O consumidor precisa garantir a criptografia porque eles oferecem o hardware, a colocação, o espaço para carregar os aplicativos. Então você precisa ver se o aplicativo usa criptografia e as tecnologias mais modernas. E precisa ser feito de forma que não atrase a transmissão de dados.

Nos EUA, em vários outros países, eles usam EMRs baseados em nuvem/web, então o EMR existe na nuvem. O uso da computação está crescendo cada vez mais e o uso dessa computação móvel fora da estrutura hospitalar é o que está se tornando interessante para as empresas de seguro-saúde.

Saúde Web: Como escolher o modelo de negócio para o acesso das informações do paciente na nuvem?

Blatt: O modelo pode ser gratuito. Pelo computador, você acessa o EMR baseado em web gratuitamente. Outro modelo pode ser a cobrança por médico, por mês para usar o software. E de onde vai rodar a nuvem? Você pode não querer construir seu próprio data center, e então comprar serviços de nuvem da Amazon, da Microsoft, de onde quer que seja. E colocar o aplicativo para rodar naquela nuvem pública completamente criptografada, com segregação de dados e oferecer como serviço para as pessoas que possam querer consumir esse aplicativo. Não é caro, mas pode ser visto como uma ameaça à infraestrutura existente.

Saúde Web: E, na área da saúde, essa escolha depende de quê?

Blatt: Depende de como os médicos querem receber seus dados. Eles podem comprar um aplicativo, carregar no tablet e rodar em um servidor na nuvem. É uma forma de fazê-lo. Eles também podem usar aplicativos baseados em web e pagar um preço diferente. Eu posso comprar um software por 10 mil dólares, carrega-los em dispositivos iPod. É mais caro. Mas é possível mudar o modelo. Eu usaria um computador móvel, mais econômico ou usar baseado em nuvem.

Saúde Web: Quais modelos são mais usados pra esse tipo de tecnologia na área de saúde?

Blatt: Alguns dos melhores aplicativos web que começamos a ver em serviços de nuvem estão nos EUA. Os EUA estão querendo diminuir ao máximo os gastos com entrega de cuidados médicos. Em outros países, o governo compra e oferece o serviço para os médicos. E eles definem a nuvem e oferecem o serviço. Na Inglaterra os médicos são funcionários públicos e, portanto, são responsáveis pela compra de hardwares e softwares e disponibilizam na rede de nuvem nacional, conhecida como Spine, e assim, podem transferir todos os registros.

Saúde Web: Poderia citar alguns benefícios?

Blatt: Como resultado disso os clínicos gerais ingleses conseguem marcar consultas com qualquer especialista. O governo acabou de avisar ao clínico geral que vão abrir a agenda dele para que o paciente possa marcar consultas de casa.

A nuvem reduz o preço da computação, tornando-a mais conveniente. Ela não aumenta os gastos. Cuidados médicos móveis mudam onde e quando você pode ser atendido. Diminui a necessidade de construir clínicas e hospitais. Não os elimina, apenas diminui a necessidade, tornando serviços de saúde mais acessíveis, para que o cidadão normal tenha acesso à assistência de alta qualidade, com ótima educação e preço baixo. Mas o trabalho realizado pelos profissionais de saúde muda.

Saúde Web: Pela extensão do Brasil e má qualidade da gestão, no geral, você acredita que essa realidade seria possível no curto prazo?

Blatt: Acho que depende do mesmo que dependeu no Havaí: vontade política. Lá os médicos resistiram e se não tivesse havido intervenção legal, não teria acontecido. O legislativo interferiu e disse que era um serviço necessário para o cidadão. É claro que é necessário ter a infraestrutura de TI pra isso, mas se você atende pela Internet, tudo o que é preciso é um computador e o gasto é praticamente zero. É essa mudança que eu apoio. A nuvem, a tecnologia móvel, EMR baseado em nuvem têm o poder de reduzir os custos da entrega de serviços de saúde por todo o Brasil, entre 50% e 70%. Eu não reduzo o salário do médico, eu reduzo os custos de todo o serviço.

Saúde Web: E qual a responsabilidade dos pacientes sobre os dados na nuvem?

Blatt: Ponto fundamental: educação. Precisamos educar as pessoas sobre por que é importante que elas sejam as responsáveis por seus dados, por que eles são tão importantes na hora de receber cuidados. Se você tem seu histórico médico no celular e o perde, seus dados estão expostos. Isso não é bom. É necessário educar os cidadãos sobre a necessidade de usar senhas. Então, o cidadão também tem a responsabilidade de garantir a segurança. Se seu telefone está infectado por um vírus e você realiza uma operação bancária, boom, sua conta corrente desaparece.

 

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http://informationweek.itweb.com.br/12920/mobilidade-e-nuvem-uma-combinacao-que-revoluciona-a-saude-no-mundo/

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